Techno-Babel

 

Houve um tempo em que os humanos se entendiam e viviam bem com o que a Terra lhes dava. Havia colaboração e união. Olhavam para o mesmo norte. A terra era boa, haviam infindáveis recursos, com sua inteligência começaram a criar instrumentos para facilitar a vida. Construíram habitações de diversas formas, canalizaram a água, domesticaram o fogo, acreditaram que dominavam a natureza.

Começou o extrativismo. A tribo floresceu, criaram sofisticados mecanismos de troca e já se chamavam civilização. Com os minerais que extraiam começaram a fabricar novos utensílios, inventaram veículos que viajavam pela terra, água e ar. Conseguiram fazer o som e a luz propagarem por meio de finos tubos. Já se comunicavam à grandes distâncias. Com isso encurtaram tempos e espaços. Desbravaram o entorno do planeta onde viviam.

Abriam seus corpos com instrumentos sofisticados, mitigavam as doenças, duplicavam animais. Então tiveram a ideia de criar uma réplica mecânica de si mesmos. Assim o fizeram e os utilizavam como escravos. Chamaram as invenções de tecnologia e progresso. A população crescia, o extrativismo avançava, o espaço foi ficando reduzido, foi quando começaram a explorar outras possibilidades. Numa noite olharam para o alto e enxergando apenas estrelas, imaginaram-se deuses, os únicos dos céus.

Mas o verdadeiro Deus não gostou do que viu.

Confundir a todos para que não mais se entendessem foi coisa simples. Do dia para a noite os humanos começaram a veicular, pelos meios de comunicação que eles mesmos criaram, informações falsas. Já não podiam mais confiar uns nos outros. Mergulhados na incompreensão começou a ruina. Apenas sobreviviam. O caos viria a se instalar quando estavam pensando em povoar outros espaços, agora siderais. 

dez.23

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